segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Piotórax


Piotórax é uma afecção relativamente comum em felinos,e ocorre quando há uma coleção de líquido séptico na cavidade torácica.Geralmente devido ao diagnóstico tardio,quase sempre é um quadro emergencial que deve ser tratado com muito cuidado.

As causas mais comuns são infecções causadas por bactérias da flora oral,como Bacteroides sp,Fusobacterium sp,Peptostreptococcus sp e também Clostridium sp,Pasteurella multocida e Actinonomyces sp.Estas bactérias podem chegar à cavidade torácica por meio de aspiração,fazendo um processo de parapneumonia,aumentando a permeabilidade pleural,contaminando e proliferando-se no espaço pleural.E mais comumente por lesões traumáticas ou perfurocortantes,como mordidas,corpos estranhos ou acidentes.

Em alguns casos a disseminação pode ser por via hematógena ou linfática,provindo de outros tecidos mais distantes.

Outras bactérias podem ser encontradas na efusão séptica,como Escherichia coli,Klebsiella spp,Streptococcus sp,Staphylococcus sp,Proteus spp,Corynebacterium pyogenes,Nocardia spp,porém em menor frequência.

Animais não-castrados,principalmente machos de vida livre,são mais susceptíveis,devido à combates e ferimentos por mordeduras.Entretando,acredita-se que gatos de abrigos com alta densidade populacional também são mais predispostos,principalmente pela circulação de agentes virais do complexo respiratório felino,aumentando o risco de afecções respiratórias predisponentes, como pneumonias.

Pela capacidade do felino em "disfaçar" a disfunção respiratória,limitando sua atividade física,aumentando e compensando a sua capacidade respiratória,a sintomatologia só será notada tardiamente pelo proprietário.Cansaço,dispnéia inspiratória,apatia e anorexia,perda de peso,intolerância ao exercício e tosse,são os sinais mais comuns.Dificilmente haverá presença de secreção nasal.

O diagnóstico primário é feito pelos sinais respiratórios:Na ausculta os sons cardíacos estão abafados e os sons respiratórios aumentados dorsalmente e diminuídos ventralmente.A estabilização do paciente é fundamental para a maioria dos procedimentos diagnósticos,como radiografias e coleta de sangue.Recomenda-se a toracocentese mesmo nos quadros duvidosos,a retirada de líquido efusivo tanto fecha o diagnóstico como salva o animal.

Emprega-se um circuito com scalp 21,seringa de 10ml e torneira de três vias.Insere-se geralmente no hemitórax esquerdo,após tricotomia,na região do sétimo ao oitavo espaço intercostal,debaixo da junção costocondral.Deve-se retirar tanto quanto possível de líquido,separando-se amostras para cultura aeróbica e anaeróbica,além de avaliação citológica e bioquímica.Geralmente não é necessário sedação ou anestesia para o procedimento,ou pode-se fazer bloqueio com anestésico local.

O paciente deve ser testado para FIV/FeLV,piorando o prognóstico em casos positivos.

A antibioticoterapia deve ser baseada nos resultados das culturas bacterianas,entretanto antibióticos como a clindamicina,amoxicilina com clavulanato,ampicilina e aminoglicosídeos podem ser utilizados inicialmente.

Muito comumente a colocação de um dreno torácico é necessário para a lavagem e aspiração contínua ou periódica do conteúdo pleural.Utiliza-se sondas ou drenos de 10 a 16 French,fixando-se entre a sétima e oitava costela,sob anestesia geral com isoflurano.Insere-se fluido isotônico aquecido,na proporção de 10 a 20ml/kg de peso,aspirando-se logo em seguida.O dreno deverá permanecer por cerca de 5 a 10 dias,realizando-se o procedimento duas a três vezes ao dia.

O felino deverá ser acompanhado através de radiografias frequentes,exames hematológicos,fluido intravenosos,alimentação enteral e antibioticoterapia prolongada.Em casos mais raros há a recomendação de cirurgia torácica,para a exploração e retirada de focos encapsulados e até lobectomias de partes pulmonares afetadas.

Frequentemente o curso da terapia como dreno é de 10 dias,como o animal se recuperando bem e voltando à vida normal.




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